domingo, 16 de março de 2014

Aquilo que não fizemos!!!





Decorridos estes anos de austeridade, sobrou deserto. Onde está a esperança? Na semana passada um rapaz de erasmus, italiano, dizia-me "Os portugueses são estranhos, parece que andam sempre zangados, cabisbaixos, se entra alguém de fora ninguém vai ter com ele." Eu percebi o rapaz. Há um cansaço e desalento nos portugueses que é castrador. Talvez se lhe tivesse mostrado esta música ele perceberia o nosso desânimo. Tiago Bettencourt é dos melhores músicos e compositores deste país, há muitos anos que gosto dele. Penso que qualquer português que oiça esta sua nova música não ficará indiferente. Mais uma vez, o seu génio toca-nos.

Aquilo que eu não fiz.


Eu não quero pagar 
Por aquilo que eu não fiz,
Não me fazem ver
Que a luta é pelo meu país.
Eu não quero pagar 
Depois de tudo o que dei, 
Não me fazem ver 
Que fui eu que errei. 
Não fui eu que gastei, 
Mais do que era para mim. 
Não fui eu que tirei, 
Não fui eu que comi, 
Não fui eu que comprei, 
Não fui eu que escondi, 
Quando estava a olhar,
Não fui eu que fugi. 
Não é essa a razão 
Para me quererem moldar. 
Porque eu não me escolhi
Para a fila do pão.
Este barco afundou, 
Houve alguém que o cegou,
Não fui eu que não vi.



Talvez do que não sei.
Talvez do que não vi.
Foi de mão para mão,
Mas não passou por mim.
E perdeu-se a razão,
Todo o bom se feriu.
(...) 
Não me falem do fim
se o caminho é mentir.
Se quiseram entrar,
Não souberam sair.
Não fui eu quem falhou,
Não fui eu quem cegou.
Já não sabem sair.

4 comentários:

  1. Boa noite, Francisco:)

    ainda na semana passada ouvi essa musica na rádio e tive um comentário parecido com o seu:)
    Também gosto muito de Tiago Bettencourt.

    Mas o italiano tem razão: somos para o dramático. Claro que agora há sobre nós todos o peso de uma situação que nos caiu em cima e se vai tornando esmagadora. Mas acolher alguém estranho é pura afabilidade. Não estaremos também perdendo as boas maneiras? o desejo que tínhamos de agradar e bem receber era ancestral.
    Talvez tudo se torne descartável.
    Quando alguém consegue afirmar que o país está melhor mas os portugueses não, a gente fica a pensar se é uma brincadeira. Ou que tal pessoa não sabe o que é um país.

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  2. Boa noite Just! Que óptimo gosto para partilharmos! :)

    Sim, o italiano tem razão e sinceramente sinto que se está a instalar uma indiferença assustadora. A cordialidade, a simpatia estão a escassear. Eu quando digo isso, olham-me desconfiados, mas é o que observo. Tudo descartável? Eu não consigo viver num mundo assim! Mas é isso que sinto, as pessoas, na generalidade, encaram os outros como objectos que podem ser utilizados conforme lhes der jeito.

    O país financeiro, económico pode estar a inverter a tendência negativa e está, claramente. Mas a economia, as finanças servem as pessoas. Ou melhor, deveriam servir. As pessoas deixaram de ser o centro das políticas, sacrificam-se os cidadãos em nome de números, metas, acordos. O mais assustador é a falta de esperança. Até quando isto vai durar? Até onde iremos?

    Obrigado pelo comentário Just.

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  3. Tem razão Francisco:))

    Hoje fui à semana da leitura:) foi engraçado.

    Uma boa semana para si. Com sol na alma que é onde ele se pode plantar sem morrer, só tem de ir regando e abrigá-lo dos frios polares.

    Boa tarde ao menino que há em si. Um beijinho doce para os dois

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  4. Há quanto tempo não vou à semana da leitura :) Eheh. É bom sinal! ;)

    Obrigado igualmente.

    Beijinho grande! :)

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