terça-feira, 30 de julho de 2013

Tango


Andava eu nas minhas deambulações pelo youtube e achei esta versão fantástica do tema Roxanne, tema original dos The Police, mas transformada para Tango aquando do filme Moulin Rouge. Aqui temos outra versão, soberba, com uma orquestra maravilhosa e um tenor ainda mais surpreendente.
Eu sou um apaixonado por Tango, tanto pela música como pela dança. Se havia coisa que gostaria de saber dançar era um Tango. Esta dança é de uma emoção tal que não deixa ninguém indiferente. Sempre triste, é uma dança masculina, onde a mulher é submissa, uma dança onde a sedução, o drama, a sexualidade, a agressividade, a paixão e a luta estão sempre à flor da pele. E a mulher é sempre recusada. Originalmente, o Tango era dançado por dois homens. No entanto, há também na mulher, uma magia nesta dança que evidencia outra postura, enquanto o homem recusa, dificulta, ela luta, resiste, deixa-se guiar.

Fica aqui, outro vídeo de um belo par a dançar:





segunda-feira, 29 de julho de 2013

Frida Kahlo




 Ontem decidi rever mais uma vez o filme Frida realizado por Julie Taymor e com as participações de Selma Hayek, protagonizando o filme no papel de Frida Kahlo; Alfred Molina no papel do pintor Diogo Rivera; Geoffrey Rush no papel de Leon Trotsky e ainda Antonio Banderas como David Siqueiros.
            Sim, decidi rever, porque eu sou daqueles apaixonados por cinema, que vê e revê os mesmos filmes, inúmeras vezes. Há sempre algo novo de cada vez que se os vê, um pormenor que tinha escapado, acreditam? E aqui, neste caso, além de ter gostado bastante das prestações de Selma Hayek,  Alfred Molina e de um dos meus actores preferidos, Geoffrey Rush, o filme faz-me entrar no mundo, de uma forma ficcionada, da verdadeira Frida Kahlo.
            Sou genuinamente fascinado nela. Frida é de tal maneira densa, apaixonante, irreverente e genuína, que é impossível não gostar dela. Tudo nela é vida. Só pode ser assim. Vejamos, aos 18 anos sofre um acidente no eléctrico onde seguia, tendo ficado com lesões gravíssimas na coluna, impossibilitada de andar e meses imobilizada, a violência do acidente foi tal, que um ferro do eléctrico  atravessou-lhe as costas, passando-lhe pela pélvis e perfurando-lhe a vagina. Enquanto está acamada, vai pintando quadros na sua cama, recupera o andar  e sempre a coxear vai seguindo a sua vida, com momentos dolorosos, usando coletes ortopédicos, talas, entre outras coisas. Casa-se com o pintor e político comunista Diogo Rivera e ao engravidar, não consegue levar a gravidez ao seu término, perde o bebé e nunca consegue ter filhos, pois devido ao acidente em jovem, o seu corpo e o seu útero não reuniam condições para aguentar uma gravidez. Por fim, já no final da sua vida, acaba por ver uma das suas pernas ser amputada, devido a vários problemas sanguíneos.
            Frida Kahlo sofreu toda a vida, teve imensas dores, imensas tristezas e ainda tinha a infelicidade de ter que lidar com as constantes traições do seu marido. Mas Frida nunca se ficou. Frida viveu muito, pintou genialmente, dançou, bebeu muita tequila, cantou, foi política revolucionária, uma comunista, amou o marido, dormiu com mulheres, beijou-as, foi atrevida, sensual, totalmente desalinhada.
            Pessoalmente, pouco percebo de pintura e nem sempre é fácil interpretar os quadros dos mais diversos pintores, mas os de Frida, são maravilhosos. É, talvez, a minha pintora favorita. Destaco um dos quadros dela intitulado "unos cuantos piquetitos" que acho delicioso, porque Frida usa a ironia nele, uma vez que se inspira numa notícia de um marido que esfaqueou a mulher até à morte, mas que disse ao juíz que só lhe tinha dado alguns beliscões. Genial!


E para terminar, deixo também uma das melhores cenas do filme, onde podemos ver Frida (Selma Hayek) a desafiar uma bela jornalista - Tina (Ashley Judd) para dançar o tango, em vez de dois homens , Diogo Rivera e David Siqueiros que estão numa disputa para resolver um conflito, onde quem conseguir beber o maior golo de tequila dança com Tina, acabando por ser ultrapassados por Frida. E vencendo, dança sensualmente, conduzindo o seu par e terminando a dança como um autêntico cavalheiro. (Atenção que este é um excerto do filme dobrado em Italiano).



segunda-feira, 22 de julho de 2013

Fahrenheit 451, a temperatura a que o papel do livro se incendeia e arde...




            E se, de repente, o mundo virasse um sítio superpovoado, onde as crianças vão à escola e não aprendem a ler, onde a história e as línguas, lhes são vedadas? E se, de repente, o conhecimento tivesse fim, as pessoas mergulhassem num torpor onde só consomem televisão, onde não existem mais alpendres nas casas onde as famílias se possam sentar e conversar?  E se, de repente, devido à tecnologia, exploração em massa e à pressão das minorias, os livros passassem a ser proibidos? E se, os bombeiros  deixassem de ser soldados da paz que combatem o fogo, passando a ser incendiários que queimam livros e casas de quem os possui?
            É disto, que fala este livro. Apesar de não ser um leitor assíduo de ficção, ao me ter sido recomendado por uma amiga, ser das letras como eu, não lhe pude resistir. E ao não lhe resistir, fui encontrando ao longo destas páginas várias pausas para reflexão. Não será que já acontecem alguns destes fenómenos? Não presenciamos já este torpor nalgumas pessoas? E os livros, não serão de facto as grandes armas temidas do homem letrado?
            Ao lermos Fahrenheit 451 de Ray Bradbury entramos numa sociedade que vive uma ditadura de felicidade. Ninguém se pode incomodar, ninguém pode pensar, reflectir, sofrer. Tudo o que vá nesse sentido é uma maçada. Daí que a poesia e a filosofia tenham sido banidas, quais fontes heréticas de desespero e agonia. "Não deixes que a torrente de melancolia e filosofia lúgubre inundem o nosso mundo."

                  - Deves compreender que a nossa civilização é tão vasta que não podemos perturbar as nossas minorias. Pergunta a ti mesmo. Que queremos neste país, acima de tudo? As pessoas querem ser felizes, não é verdade? Não ouviste isso toda a vida? Quero ser feliz, dizem as pessoas. (...) Se não queremos um homem politicamente infeliz, não lhe damos duas respostas a uma pergunta que o preocupe; damos-lhe uma. Melhor ainda, não lhe damos nenhuma. Deixamos que se esqueça que existe uma coisa como a guerra. (...) Paz, Montag. Temos de dar concursos às pessoas que elas ganhem, recordando as letras das canções mais populares ou os nomes das capitais dos estados ou quanto cereal produziu Iowa no ano passado. Temos de as encher com dados não combustíveis, atravancá-las com tantos "factos" até se sentirem empanturradas, mas absolutamente "brilhantes" com informação. Então, sentirão que estão a pensar, terão uma sensação de movimento sem se moverem. E ficarão felizes, porque os factos deste tipo não mudam. Não se lhes pode dar matéria escorregadia como filosofia ou sociologia para relacionarem as coisas. Isso causa melancolia.


            E assim, com uma sociedade afastada do pensamento e da realidade, cria-se uma felicidade artificial que em nada toca naquilo que de mais genuíno existe na felicidade.
            Além disso, o comportamento das pessoas modifica-se. As pessoas tornam-se peneiras, por não lerem e não reflectirem, pelo seu afastamento dos livros, não conservam muita informação, memorizam cada vez menos. Tornam-se autómatos devido ao consumo excessivo de televisão - " O televisor é "real". É directo, tem dimensão. Diz-lhe aquilo que deve pensar e introduz-lo à força. Deve ter razão. Parece tão certo. Leva-o tão depressa a chegar às conclusões dele que a sua mente nem tem tempo de protestar."
            Perde-se um lado humano fundamental na vida, a generosidade, o carinho, os afectos e proliferam pessoas insensíveis, que buscam os incessantes divertimento e despreocupação, falando friamente e sem consciência, ou com uma muito distorcida:

- Sabe que não tenho filhos! Ninguém no seu juízo perfeito, só Deus sabe, teria filhos! - disse a Sr.ª Phelps, (...)
- Eu não diria isso - disse a Sr.ª Bowles - Tive dois filhos de cesariana. Não vale a pena passar por aquela agonia por causa de um bebé. O género humano deve reproduzir-se, vocês sabem, a raça deve continuar. Além disso, às vezes parecem-se connosco, e isso é agradável. Duas cesarianas deram resultado, sim, senhor. Oh, o meu médico disse, as cesarianas não são necessárias; tem ancas para isso, tudo está normal, mas eu insisti.
- Com cesarianas ou sem elas, os filhos são ruinosos; estás louca - disse a Sr.ª Phelps.
- Meto as crianças na escola nove dias em dez. Suporto-as quando vão a casa três dias por mês; não é mau de toda. Metem-se na "saleta" e roda-se o interruptor. É como lavar a roupa: mete-se a roupa e baixa-se a tampa- A Sr.ª Bowles riu-se à socapa. - Tão depressa me dão pontapés como beijam. Graças a Deus também posso dar pontapés.


            E assim prossegue a vida da maioria das pessoas nesta história, com discursos como este. Ao falar deste livro, decidi não falar sobre o desfecho e não identificar as principais personagens. Decidi partilhar pontos de reflexão. E daí, pode ser que advenha o desejo de alguém querer ler este livro, onde para quem gosta de ler, para quem gosta do livro, do seu cheiro, para quem gosta de escritores, de pensadores, se reverá em muitas das páginas.

quinta-feira, 18 de julho de 2013

A última batalha de Soares!


        


 Antes de começar, não posso deixar de referir o devido respeito que nutro pela figura do Dr. Mário Soares e o reconhecimento inequívoco do seu papel na vida democrática de Portugal.
         Contudo, não posso deixar de censurar a sua postura nos últimos dois anos e a forma como tenta exercer pressão quer sobre o seu partido, quer sobre os órgãos de soberania e a sociedade civil.
         Soares assumiu desde cedo que a sua maior prioridade é derrubar o Governo de Pedro Passos Coelho. Posto isto, de  tudo tem feito para o conseguir, desprestigiando-se por vezes, com posições e discursos inflamados e demagógicos que em nada contribuem para o bem do país e para um diálogo  frutífero sobre a situação nacional.
         Vivemos tempos de extrema dificuldade e o presente governo tem tomado medidas altamente impopulares, algumas absolutamente necessárias, outras, mais questionáveis.  Contudo, aquilo que desgastou o governo e o desacreditou junto das pessoas, não creio que tenham sido tanto as medidas, mas a forma desastrosa de as comunicar, o extremismo com que assumiram algumas posições, a inexperiência que o Primeiro Ministro e alguns ministros revelaram na condução das suas pastas, a descoordenação política e por fim, a queda para o mediatismo e para o protagonismo individual que  alguns ministros evidenciaram, começando com Miguel Relvas fazendo uma declaração pública  de demissão muito contrastante para quem não tinha forças anímicas, seguindo-se da carta de Vítor Gaspar, absolutamente ridícula e censurável para quem fora Ministro de Estado e deveria revelar sentido de Estado e por último, o deplorável espectáculo de Paulo Portas com a sua carta de irrevogabilidade.
         Tudo isto deve ser alvo de censura, obviamente. Porque revela o desnorte dos nossos políticos  e o desrespeito  e despudor perante todos os portugueses que ao longo destes dois anos, têm suportado pacientemente e ainda que com muita dificuldade as mais diversas adversidades : brutal aumento de impostos, perda do poder de compra, desemprego, entre outras.
         Todavia toda esta calma não advém de poderosas capacidades de abstração do povo lusitano, mas sim da crença que muito daquilo que está a ser decidido é inevitável. E é aqui que a demagogia dos partidos os fere brutalmente.
É ÓBVIO que temos de cortar na despesa, ÓBVIO. E o PS aperceber-se-á , se não percebeu já, que o seu discurso anti-austeridade e facilitista não tem aderência à realidade. Seguro até agora, revelou-se um vazio de ideias, apenas propôs duas coisas tão vagas e incertas que não convenceram ninguém: negociar com a Europa melhores condições e mais dinheiro e menos juros. Contudo, sejamos francos, se isto fosse tão fácil e exequível não estaria já resolvido? Pois é, Seguro quer ser Primeiro-Ministro com base na boa vontade da Europa e isso é como tentar conter um punhado de areia numa peneira. Pior, é ser demagógico, porque desenganem-se que tudo isto resulta de uma posição de subserviência de Passos Coelho a Merkel, pois recordo que Sócrates também a tinha. E todos na Europa a têm, até o delfim François Hollande que prometia salvar a Europa e nem o seu país parece ser capaz de salvar.
         Também o PSD foi vítima da demagogia partindo para eleições em 2011 dizendo que bastaria cortar nas gorduras do Estado, apontando gastos excessivos com gabinetes, frota do Estado e Parcerias Público-Privadas, (PPP's) entre outros. Só  que isso não representa o grosso da despesa. E agora quando é necessário mexer no Estado Social e reformar o Estado, o PSD fica sem chão, porque prometeu um caminho de corte fácil, que não é suficiente. E ainda que já tenha cortado muito, cerca de 10 mil milhões de Euros na despesa pública do Estado, o que é óptimo, renegociando PPP's e as rendas excessivas no sector eléctrico, parando obras desnecessárias, cortando em áreas apontadas na campanha eleitoral, entre outras medidas, chegou a altura de cortar onde é mais difícil e depois de tanto ter aumentado impostos, alguns deles, como o caso do IVA na restauração, que representa um erro CRASSO na política económica do governo e que gerou imenso desemprego, há um enorme atrito a tudo o que é anunciado pelo governo.
         Alguns especialistas e analistas, apontam que o nosso País tem de ter uma despesa pública de cerca de 70 mil milhões de Euros para que consiga ser suportada pela Economia que temos, e em 2011, o valor da despesa era de 90 mil milhões. Até agora, o governo já cortou 10 mil milhões e a guerra que se trava hoje, é pelo corte de mais 4.700 mil milhões de Euros.
         Penso que é inevitável, com um Estado Social construído em toda a Europa com base num crescimento anual de cerca de 6% do PIB algo que não se verifica a algumas décadas e em Portugal, muito menos, na última década crescemos cerca de 1%; com um país e com uma Europa desindustrializados e com débeis níveis de crescimento  e altos níveis de desemprego, torna-se absolutamente necessário ajustarmos o nosso Estado Social e as funções do Estado. Contudo, defendo que tem de ser algo bem estudado e programado, não podem ser cortes cegos, feitos num ano. E  é esta questão que faz com que os Partidos se tenham de unir, como apelou o Presidente da República.
         Independentemente da crise política que se gerou na maioria parlamentar e que em situações normais, mereceria a dissolução do parlamento, a generalidade das pessoas entende que eleições antecipadas não seriam a melhor opção. E de facto, não seriam, porque o PS ainda não está preparado para governar, porque a Reforma do Estado tem de ser feita e tem de haver estabilidade nos próximos anos, para retomarmos o crescimento e efectuarmos reformas estruturais. Assim, têm de se criar compromissos entre os vários partidos, que assegurem que certos pilares serão respeitados e seguidos, sejam quais forem os partidos que estejam no governo.
         Desta feita, acho inadmissível que Mário Soares venha agora pressionar António José Seguro com uma possível cisão no Partido Socialista e dizendo que "ficaria muito chateado" com um possível acordo. É profundamente lamentável. Tudo tem de mudar Dr. Mário Soares e se tiverem de haver cisões nos vários partidos da governação, se surgirem novos partidos e se os mesmos se abrirem à sociedade civil (o que mais tarde ou mais cedo, acontecerá), é sinal que a democracia está a crescer e a ser mais exigente.
         Não sei qual será o desfecho destas negociações, mas não posso deixar de elogiar a postura de António José Seguro, que  soube estar à altura do que lhe era pedido e teve a maturidade suficiente para entrar no diálogo e enfrentar o Partido, a bem do país.
         Mário Soares tem de entender que o seu tempo acabou. O eterno líder do PS deixou de o ser, Mário Soares já não é mais líder partidário, já não é mais Primeiro-Ministro ou Presidente da República. Não lhe cabe a ele definir o que Partido Socialista faz, condicionar a acção do secretário geral do Partido e dizer ao Primeiro-Ministro e ao Presidente da República o que hão-de fazer. Há um desespero em Mário Soares, que além de ser triste, só lhe retira a credibilidade. Vejamos a sequência de acontecimentos -  falta às cerimónias do 25 de Abril por protesto contra o Governo, sendo um antigo Presidente da República tem o dever de saber que essas cerimónias, são de carácter parlamentar e onde o governo nem faz uso da palavra, assim, só fortaleceu ainda mais o governo, dando-lhe protagonismo numa situação onde não o tinha; de seguida, cria uma convenção de todas as esquerdas onde tenta criar uma coligação dos partidos à esquerda, para um possível governo, mas António José Seguro desmarca-se (e bem!) e nem comparece à iniciativa; seguem-se declarações ridículas onde diz temer pela vida de Cavaco e Passos Coelho, pois por muito menos, Sidónio Pais foi assassinado e por último, não posso deixar de referir a tentativa falhada de sedução que iniciou a Paulo Portas e ao CDS, começando por dizer que Paulo Portas tinha sido humilhado pelo governo, que merecia consideração e que estava a ser chantageado, tese que acabou no momento em que Portas aceita ser vice-primeiro-ministro, algo que o irritou profundamente e que o fez baptizá-lo de "salta-pocinhas".
         Tudo isto é lamentável. Num momento tão delicado que se vive desde a entrada da Troika em Portugal, com tanto ruído e com uma necessidade enorme de sensatez naquilo que se diz, Mário Soares, vem a cada dia desbaratar ainda mais a sua figura de Senador da República e assim, revela, em detrimento da postura oposta e sábia de Jorge Sampaio, que se tem revelado profundamente sensato naquilo que defende e um grande Estadista, que não sabe exercer da melhor forma o papel de Senador da República, pois ainda não entendeu que é altura de se retirar do ringue e deixar que os seus "filhos" e "netos" combatam. 
         O seu papel exige recato, Ramalho Eanes e Jorge Sampaio bem o sabem, pois afinal de contas, como o povo diz "a mesma água não passa duas vezes pelo mesmo moinho" e a miríade de declarações de Mário Soares em nada ajudam o país e só lhe retiram a força e a credibilidade que por direito lhe eram reconhecidas.
         Temo que esteja a ficar sozinho no seu campo de batalha e que a sua cruzada contra o governo já não seja sequer a prioridade do seu partido. Pois até o seu partido, já percebeu que o que se vive e o que nos é exigido a todos e ainda mais aos responsáveis políticos, ultrapassa e muito a vida deste governo e exige o  compromisso e o esforço mútuo de todos. Por conseguinte, por muito que não se goste deste governo e há razões para isso, a solução não passa pela queda imediata dele e pela eleição do PS com um programa cheio de facilidades e utopias, porque seria uma fraude. Nada será fácil e Mário Soares não conseguiu vingar com a sua ideia  de que basta Passos Coelho cair e tudo ficará bem. O governo irá cair seja daqui a um ano, seja em 2015, mas penso que Mário Soares não poderá reclamar vitória de nada, pois escapou-se-lhe das mãos qualquer hipótese de protagonismo. Quando acontecer, acontecerá porque assim tinha de ser e talvez aí, perceba que desperdiçou muito da sua figura ao descer a um patamar do qual já se tinha elevado.