sábado, 14 de novembro de 2015

Hoje todos somos de Paris!

Há dias tristes na vida da humanidade, dias onde a cegueira e o fanatismo usurpam qualquer razoabilidade, compaixão e respeito pelo próximo. A barbárie que aconteceu nas últimas horas em Paris, tomando forma através de 7 atentados que ceifaram cerca de 140 vidas inocentes, entristece-me de forma profunda. Não consigo imaginar o que possam ter sentido todos os inocentes que viram aqueles assassinos surgirem, diante deles, vociferando "Allahu Akbar" - "Deus é Grande" e que, num instante, lhes roubaram a possibilidade de sonhar, de viver e de regressar para juntos dos que amam. Não existe Deus nenhum, a não ser na cabeça de psicopatas, que possa defender tal carnificina. Esta crueldade, além de todas as outras que se vêm perpetuando ao longo dos séculos, em nome de um suposto Deus, serve apenas para que assassinos, loucos e desumanos cobardemente se desculparem dos seus crimes escondendo-se atrás de uma figura abstracta e icónica.
Estes acontecimentos nefastos imobilizam-nos, a dúvida percorre-nos e o medo instala-se, tal não é o terror que observamos. Esta imobilização que se instala, o medo que nos paralisa é o apagar da chama de esperança e de liberdade que vive e deve viver em cada um de nós. É isto que estes fanáticos pretendem - que a nossa razão, aquilo que de mais nobre possa existir em nós, fiquem debilitados e sejam tomados por instintos mais primitivos e extremos de sobrevivência. Que esta chama não se apague! Não a deixemos apagar, devemos isso a todos aqueles que a viram ser extinta com a brutalidade repentina de uma cegueira sem misericórdia. Não nos refugiemos nos estereótipos mais badalados e procuremos incriminar quem é tão inocente como aqueles que pereceram na noite passada. Esta selvajaria provocará muitos mais mortos, infelizmente. O meu humanismo traz-me à consciência a ideia de que no Inverno que se aproxima, nos meses que se avizinham onde em muitos países europeus pelos quais passam refugiados, o frio roubará muitas mais vidas inocentes de crianças, jovens, homens e mulheres. Portas ser-lhes-ão vedadas, mãos fechar-se-ão evitando um aperto fraterno de solidariedade e de luta pela dignidade humana. Também eles são alvos destes atentados, também eles são vistos como infiéis, como "militantes" que desertaram de uma causa fanática à qual tinham o dever de servir. Ouvi e ouvirei dizer que a culpa destes atentados é dos refugiados. Lamentavelmente, a generalização que é feita encorpa-se devido ao catalisador a que o medo consegue dar forma. É preciso fazer algo, é necessária a acção global contra o Estado Islâmico que continua incessantemente a roubar vidas, a destruir a esperança e a instaurar o negrume pelo mundo fora. Sinto uma incapacidade inquietante, não se pode dormir bem assim. O que podemos todos nós fazer? Ter esperança, quebrar os muros de medo e de racismo que se erguem, exaltarmos a luz de cada respiração e sentirmos o poder de sonhar, de amar, de alimentarmos aquilo que de bom existe na vida. A minha compaixão, o meu dó, hoje, estão com todos aqueles que perderam as suas vidas, com todos os seus amigos e familiares. Deixo a música do John Lennon "Imagine" como homenagem a todos eles - aos que partiram, deixo a minha tristeza pelo fim lastimável e aos que ficam o desejo de que a esperança e paz possam, futuramente, apaziguar a dor que sintam nos seus corações. Só o amor, a paz e alegria de viver podem unir a humanidade!!