domingo, 27 de outubro de 2013

As teias do desejo

Duas aranhas vão tecendo a sua teia, uma em redor da outra, impelindo-as o desejo de se caçarem. Cada uma tece os seus melhores fios, ardilosamente, baloiça-se naquilo que julga ser o ponto em que a outra cairá e dependerá dela. Então, cativa, será refém do seu favor, da sua bondade.
Não existem passos acelerados, é-se tentado a dançar entre medo e desejo, no fio da navalha, perto do abismo. Cada movimentação, cada olhar são envoltos de elegância. E quando se aproximam, sentindo o cheiro uma da outra, chegando até a tocar-se, levemente, a sua racionalidade treme, cada uma sente o impulso de saltar e de devorar quem está à sua frente. Então recuam, brincam mais um pouco, fazem com que os cabos onde se desfilam tremam mais vertiginosamente.  Só que neste jogo, em que não se sabe quem devora e quem é devorado, resta-lhes aproximar-se até não haver fuga... 




terça-feira, 15 de outubro de 2013

E como é importante a colher...


Sei que era ele. Nunca mais vou amar alguém assim, mas não é grave. Eu dou conta do recado. Sei que, normalmente, só mais tarde é que conhecemos a nossa alma gémea. Mas azar, aconteceu-me agora aos 25 anos. Nem tem a ver com sexo. Eu quero lá saber de sexo. Não é essa a questão principal. O importante é acordar ao lado de alguém. Dormir em colher. Isso é que é importante, a colher. Saber que se aparecer um tipo mau está lá alguém. É uma metáfora. Os maus nunca aparecem. Acordamos com o vento, sentimos a barriga quente da pessoa que nos ama a respirar contra as nossas costas. Isso é que é a colher. 

Diálogo do filme: Les Amours Imaginaires




 

domingo, 6 de outubro de 2013

De tão simples, é bonito!



Ontem depois de ler uma notícia da TVI 24  sobre este vídeo ( http://www.tvi24.iol.pt/503/acredite-se-quiser/cadela-buenos-aires-animais-himalaya-sindrome-de-down-hernan/1496466-4088.html  ) não pude deixar de o partilhar aqui. É a junção de dois seres fascinantes: uma criança e um animal. Neste caso um menino com Síndrome de Down e uma cadela. Não me impressiono facilmente com vídeos assim, mas gostei deste. Segundo a mãe do menino, ele não gosta de ser agarrado, que o abracem, então, a cadela, não desiste de receber carinho dele o tempo todo e nem com todos os esforços dela para afastá-la, ela desiste, acabando por no fim receber um abraço da criança. Talvez, às vezes, devêssemos perceber a beleza de gestos assim - simples! E como o carinho, a paciência e a perseverança valem mais do que qualquer outra coisa fabricada.