quinta-feira, 25 de abril de 2013

Não banalizem o 25 de Abril!





Hoje é dia de liberdade, 39 anos depois da Revolução dos Cravos, é dia de comemorar a liberdade de expressão. No entanto, por mais que eu pudesse falar do 25 de Abril de 74 é o 25 de Abril deste ano e dos anteriores que me incomoda. Incomoda, porque assisto permanentemente a uma banalização vergonhosa deste dia. Sem dúvida, que o 25 de Abril foi um marco incontornável da História Portuguesa, ao qual, devemos estar profundamente gratos. Contudo, devemos estar conscientes daquilo que é passado e das circunstâncias em que se viveu este dia.
Oiço nas  notícias e nas ruas, pessoas mais velhas e jovens a dizerem que precisamos de um novo 25 de Abril. Saberão o que estão a dizer? Creio que não! E não devemos deixar que as dificuldades e o desespero das pessoas lhes tolde o juízo, impossibilitando uma visão clara das coisas.
É certo que vivemos um período muito difícil, há uma enorme degradação económica e das condições sociais, um desemprego galopante, mas não é comparável, de longe, à vida que existia antes de 1974.
Os jovens da minha idade e mesmo os mais velhos que dizem que precisamos de um novo 25 de Abril, parece que se esquecem de que a Revolução aconteceu, após mais de 40 anos de Estado Novo, uma ditadura férrea conduzida por António de Oliveira Salazar, onde ninguém se podia expressar livremente, onde a censura reprimia tudo, músicos, jornalistas, actores, escritores, onde existiam prisões políticas e tortura. Ninguém podia manifestar-se ou dizer o que a sua consciência ditava, de forma segura. Esquecem-se também dos 13 anos de Guerra Colonial, onde os mais jovens agonizavam com medo de serem chamados para um disparate sem fundamento que mutilou, vitimizou e traumatizou centenas de pessoas, que ainda hoje, homens maduros não recuperaram, vivendo afectados por acessos de memórias dilacerantes que os visitam em amargas vigílias nocturnas. Isto para não falar das famílias, dos pais que viram os seus filhos partirem sem regresso. 
E falemos de Estado Social e protecção dos desprotegidos antes de 1974 - não é comparável aos dias de hoje em nada. A pobreza era muito superior, os cuidados de saúde não eram alargados a toda a população, a taxa de analfabetismo era monstruosa, subsídios de apoio aos cidadãos quase não existiam, a taxa de mortalidade infantil era elevadíssima, não existia Sistema Nacional de Saúde, a despesa social era residual como se pode ler nesta notícia do Jornal i ( http://www.ionline.pt/portugal/conta-me-foi-portugal-ja-nao-era-no-25-abril ) onde actualmente, gastamos mil vezes mais em saúde do que em 1975. 
Também os responsáveis políticos e os chamados Capitães de Abril, creio que estão a ajudar à banalização desta data. Quando Mário Soares e estes senhores, dizem não estar presentes na cerimónia anual a realizar na Assembleia da República por censurarem o actual Governo e discordarem dele, querendo a sua queda, estão a ser míopes. Em primeiro lugar, porque a cerimónia tem carácter parlamentar, o governo nem faz uso da palavra, apenas fica sentado a ouvir. Falam o Presidente da República e representantes dos Partidos, assim numa cerimónia onde o Governo não tem protagonismo, gestos como os do Dr. Mário Soares, só lhe aumentam o protagonismo. Em segundo lugar, são míopes porque estão a reduzir esta data a lutas partidárias e a tentar usar uma bandeira do passado para forçar soluções algo duvidosas no presente, contra um governo democrático, goste-se ou não dele.
Prestemos dignidade à História e tenhamos lucidez na análise do Presente. Por maiores dificuldades que estejamos a viver, não creio que possamos dizer que queremos um novo 25 de Abril, com intervenção dos Militares e com a suspensão do regime. Pois pensem, se suspenderem este regime, teremos o quê? 
25 de Abril é liberdade e gratidão e não uma tentativa consecutiva de repetir as conquistas do passado nos dias de hoje.

quarta-feira, 10 de abril de 2013

Margaret Thatcher - O legado


Margaret Thatcher ( 13 de Outubro de 1925 - 08 de Abril de 2013)



Na segunda-feira passada, dia 08 de Abril de 2013, faleceu uma das maiores referências políticas do Mundo Ocidental. Margaret Thatcher revolucionou para sempre o Reino Unido, a Política e o Mundo. Filha de um merceeiro, desde muito nova foi-lhe incutido o espírito de trabalho, a noção de que se tinha de ter iniciativa própria e de que não se podia esperar pela ajuda de outrem para se progredir na vida. Teve uma educação austera, estudou em Oxford onde se licenciou em Química.
Mas Margaret Roberts,  assim se chamava em solteira, sempre se sentiu fascinada pela política, pelos discursos que o seu pai fazia enquanto político local em Grantham e embora, todos lhe dissessem que a política era algo vedado às mulheres, não se convenceu.
Tentou algumas vezes tornar-se deputada no Parlamento Inglês, nomeadamente, em 1950 e 1951, mas não conseguiu reunir votos suficientes. Embora na segunda eleição tenha aumentado e muito o número de votos, tendo sido a segunda candidata mais votada.
Entretanto, casou-se com o empresário Denis Thatcher em 1951, com quem teve dois gémeos, Carol e Mark em 1953. Graças a este casamento, Margaret Thatcher conseguiu obter sustento durante as suas iniciativas políticas e pôde também mais tarde licenciar-se em Direito. Mas que não se pense que foi um casamento por interesse, ao longo dos anos muitos foram os momentos em que o casal testemunhou o seu amor e a sua forte ligação. (Figura 1)

Figura 1

Margaret subiu a pulso e tornou-se deputada no Parlamento Inglês, tendo lutado contra a hostilidade dos cavalheiros que a menosprezavam e subestimavam as suas qualidades intelectuais e políticas.
Mesmo dentro do seu partido, do início ao fim, nunca reuniu consenso e houve sempre quem não a aceitasse e a desvalorizasse. Em 1970, Edward Heath líder do Partido Conservador vence as eleições e forma governo, convidando-a para Ministra da Educação. No entanto, Edward Heath nunca gostou de Margaret Thatcher e desde logo a avisou para ser discreta no exercício das suas funções, o que não se verificou. Thatcher ficou conhecida como sendo uma guerreira na luta pelas suas ideias e opções e mesmo como Ministra da Educação sempre batalhou nesse sentido, o que não seria muito bem entendido pelo Primeiro-Ministro Edward Heath que durante o seu mandato enfrentou inúmeras greves e paralisações sectoriais, como foi o caso da greve dos mineiros. No entanto, enquanto todo o governo pensava que a melhor forma de lidar com estas manifestações seria aceder às exigências sindicais, Margaret Thatcher defendia que se devia fazer o oposto, enfrentando os sindicatos e assumindo uma postura firme na condução da política do governo. Não foi ouvida e entre várias dificuldades que o governo viveu, como os embargos petrolíferos em 1973, Edward Heath perde as eleições em 1974, passando a líder da oposição.
E como líder da oposição, Edward Heath era cada vez mais contestado e não era visto como o melhor líder do Partido Conservador, num momento de enorme crise no país.
Assim, Margaret Thatcher avança em 1975 para liderança do partido e vence as eleições, na primeira volta derrotando Edward Heath e na segunda volta, derrotando outro candidato e favorito de Heath - William Whitelaw. Torna-se então, líder do Partido Conservador a 11 de Fevereiro de 1975, tornando-se a primeira mulher a liderar um grande partido na Europa. (Figura 2)

Figura 2

Durante o tempo na oposição, foi uma líder feroz, assumindo posições neoliberais, defendendo a luta contra os sindicatos, a redução do peso do Estado na Economia, etc. Tudo isto, fez com quem muitas vezes não fosse aceite e tivesse níveis de popularidade muito baixos. Mesmo assim,  a 4 de Maio de 1979, Margaret Thatcher vence eleições com uma larga maioria e torna-se Primeira-Ministra, sendo pioneira mais uma vez como mulher neste cargo, em todo o mundo ocidental. (Figura 3)

Figura 3

Thatcher encontra um país em sérias dificuldades, considerado o "homem doente" da Europa. Altos níveis de desemprego, uma economia agonizada, a libra em queda, a inflação galopante, uma indústria ineficiente e uma enorme contestação social. Assim, contra tudo e todos, Margaret Thatcher  recusou-se ao simples papel de gerir o declínio do país e em vez disso enveredou por um duro caminho de austeridade com vista à recuperação da grandeza de outrora do Reino Unido, reduzindo o peso do Estado na Economia,  fechando todas as unidades industriais ineficientes, reduzindo a inflação e os benefícios sociais, etc. Muitos a criticaram, alguns ministros do seu governo tentaram demovê-la, mas para ela "apesar do remédio ser amargo, o doente precisa dele" e assim prosseguiu a sua política, conseguindo recuperar a Economia do seu país.
Também ficou conhecida por ter declarado guerra à Argentina pela ocupação das Ilhas Malvinas em 1982. Mesmo sendo os EUA aliados do Reino Unido, tentaram demovê-la dizendo que era escusado lançar uma guerra por um território tão longínquo e insignificante. Aí Thatcher relembrou aos EUA que o Hawai também era um território idêntico e que os EUA responderam contra os ataques japoneses em Pearl Harbor em 1941, deixando-os desarmados. E tendo-se proposto a combater a Argentina e recuperar a soberania sob as Malvinas, Thatcher saiu vencedora.
Margaret Thatcher também foi apelidada pelos russos de "Dama de Ferro" pela sua persistência e obstinação, o que mais tarde viria a revelar-se decisivo para o fim da Guerra Fria.
            Thatcher sairia do cargo de Primeira-Ministra a 22 de Novembro de 1990 pela mão do seu próprio partido. Ao longo dos anos e apesar de muitos sucessos, a sua obstinação e firmeza, as críticas de insensibilidade social e de prepotência fizeram com que o Partido Conservador quisesse mudar de líder com o objectivo de não perder as eleições seguintes. Deste modo, o partido convocou eleições internas às quais Margaret Thatcher venceu na primeira volta com uma ligeira maioria, sendo obrigada a ir a uma segunda volta. Consciente das suas condições e da previsível derrota na segunda volta, Margaret Thatcher renuncia ao cargo de Primeira-Ministra, saindo de Downing Street lavada em lágrimas e não escondendo a mágoa e a revolta de ter sido afastada não pelo povo, em eleições, mas sim pelos interesses do seu partido. No fundo, houve conservadores que nunca aceitaram a filha do merceeiro... (Figura 4)

Figura 4



            Saltando agora os aspectos biográficos, devo dizer que tenho uma profunda admiração por esta grande senhora e política. Quer se goste ou não dela, temos de reconhecer que Margaret Thatcher mudou o Mundo e foi uma visionária. Juntamente com Ronald Reagan (Figura 5) fundou o modelo económico instaurado no Ocidente, até aos dias de hoje, baseado na Economia de Livre Mercado, uma economia onde os mercados se auto-regulam. E apesar deste aspecto poder estar na base das crises financeiras que se vivem actualmente, permitiu durante muitos anos, prosperidade económica. Admito que se possa estar a fechar o ciclo, pois tudo tem um tempo, seja em política ou economia. 
           

Figura 5



"O remédio é amargo mas o paciente precisa dele"
Também neste momento, a crise que se vive em Portugal, as decisões políticas que são necessária, fazem lembrar a Inglaterra que esperava Margaret Thatcher em 1979. Seria bom que tivéssemos alguém na condução dos destinos do país com a determinação dela, na reforma do Estado Social e na redução do Estado na Economia, só assim o Estado consumirá menos recursos financeiros, nomeadamente crédito destinado às empresas, permitindo um maior acesso às empresas privadas, muitas delas PME's, que representam mais de 90% do tecido empresarial português. Só assim se poderá gerar emprego, além de ser necessário cortar na despesa do Estado. Este cortes, actualmente, muito contestados são ABSOLUTAMENTE necessários para que se possa reduzir o nível de fiscalidade aplicado aos contribuintes portugueses, ou seja, baixar os impostos e só assim, o Estado terá menos necessidades de financiamento. Veja-se o exemplo da Inglaterra - só com esta receita conseguiu recuperar economicamente.
           

Por último, creio que Margaret Thatcher criticou muitas vezes a União Europeia porque sabia que o caminho traçado não era o melhor. Thatcher conseguiu ter uma visão muito alongada do que iria acontecer e a crise europeia e das suas instituições que se vive hoje, foi muitas vezes anunciada por ela. Penso até, que faz falta na Europa alguém como Margaret Thatcher, firme e determinada, sem medo  de ser incómoda, alguém inteligente e com visão política, com noção do rumo que toma e como uma posição clara, bem argumentada e atempada, não uma líder como Angela Merkel, sem visão, sem rumo, demasiado preocupada com a imagem, sem carisma político e sem noção das diferenças que separam cada país europeu e que tornam cada país único. É a grande diferença de Angela Merkel e Margaret Thatcher, enquanto que Merkel quer copiar a realidade alemã para os países em dificuldades, Thatcher era uma defensora de uma austeridade inteligente e pormenorizada a par do crescimento económico e uma profunda conhecedora das diferenças entre países. Aliás dentro da sua ideologia política Thatcher dizia que o slogan "somos todos iguais" era demasiado redutor, pois para ela somos todos diferentes e é nessa diferença que reside o sucesso e a capacidade de nos interligarmos todos na busca do sucesso. (Figura 6)

Figura 6

Para reflectirmos acerca da visão dela sobre a Europa, vou deixar um excerto da sua obra  A Arte de Bem Governar editada em 2002 (Figura 7), onde poderemos ver o quanto a sua visão é actual:

"A Europa é, realmente, um Estado ou um império de pernas para o ar. Falta-lhe tanto da substância que está na base da solidez das fundações de um Estado ou de uma potência imperial, que só consegue subsistir através da satisfação de interesses instalados, cada vez mais poderosos. Basta deambular um pouco através da prosa europeia que enforma as directivas, as circulares, os relatórios, os comunicados e os debates "parlamentares", para se perceber que, na verdade, Europa é sinónimo de burocracia. É um governo da burocracia para a burocracia, a que se poderia acrescentar "pela" burocracia, "com" burocracia, etc. (...) Não: o que faz da Europa o supra-sumo da burocracia é o facto de que, em última análise, nada mais tem que a sustente.
As estruturas, os planos e os programas da União Europeia encontram em si mesmos a razão da sua própria existência. A Europa é uma variante da asserção cartesiana "Penso, logo existo", modificada para "Eu existo, logo eu faço" (...) "


Figura 7

Muito fica por dizer sobre Margaret Thatcher, no entanto, não estando impedido de voltar a escrever sobre ela, deixo aqui o meu contributo para recordar o percurso desta GRANDE senhora.

sábado, 6 de abril de 2013

Comentário aos Contos "a fogueira" e "Burlado" de Jack London





A fogueira e Burlado são dois contos que Jack London usou para personificar duas histórias sobre valores. São duas metáforas que se mantêm actuais e que nos levam a reflectir.
            No Burlado, temos Subienkow, um ladrão de peles que prestes a morrer, agoniado perante a evidência de uma morte prolongada e dolorosa, começa a relembrar a sua vida e revisita o passado, conseguindo arranjar uma ideia que lhe permite fintar o chefe da tribo, que pretendia executá-lo de forma impiedosa, morrendo assim com toda a grandiosidade e sem sofrimento, tal como desejara.
            Burlado é um conto que nos fala da perspicácia, da capacidade de não desistirmos perante a mais evidente dificuldade. Subienkow personifica a audácia, o indivíduo esquemático que consegue escapar a um destino que lhe tinha sido imposto e que elabora um plano corajoso, inteligente e mordaz, que faz tremer e pôr em causa a sabedoria e os esquemas da tribo que o ia condenar a um doloroso fim. Apostando na ambição de que a tribo iria demonstrar, ao prometer-lhe um remédio milagroso que ao esfregá-lo na pele, ela ficaria dura como pedra, como ferro, de forma a que nenhuma arma, por mais afiada que fosse a poderia cortar, Subienkow conseguiu despistar o chefe da tribo. Exigiu-lhe cem peles de castor, cem libras de peixe seco, dois trenós e foi ainda mais longe, ao exigir que Makamuk, chefe da tribo, lhe desse a própria filha para o acompanhar na expedição em busca dos ingredientes para este maravilhoso remédio.
            Tudo isto, para que fosse feita a grande burla, a burla que ficou a nu quando após uma machadada que decepou Subienkow, Makamuk viu que tinha sido burlado, que o remédio milagroso não existia e que tinha sido humilhado perante toda a tribo.
            Subienkow conseguiu o que expressara no início do conto: “Morrer como um bravo e de uma vez, com um sorriso e uma chalaça...”.
            A fogueira fala-nos de insensatez e ignorância, de arrogância e falta de perspicácia. Neste conto, temos a figura de um homem, um indivíduo que ignora os perigos de uma caminhada no gelo, com cinquenta graus negativos. Apesar dos conselhos que ouvira, para o homem, todo aquele frio não significava prudência e vigilância, em vez disso, significava que apenas tinha de se agasalhar melhor. Subestimou, tudo e todos, aqueles que o aconselharam a ter cuidado: “Esses veteranos eram um tanto efeminados, pelo menos alguns deles, pensou.  A única coisa que era preciso era não perder a cabeça, e tudo correria bem. Quem fosse verdadeiramente homem podia viajar só.”.
            Estava demasiado cheio de si próprio e avançou no seu trilho, mesmo temendo armadilhas como os regatos de água, que não congelavam e nos quais podia cair e molhar-se, podendo revelar-se como algo fatal.
            Acompanhava-o um husky nativo, um cão-lobo, que sabia que não era boa altura para viajar, “o seu instinto era mais certeiro do que o juízo do homem.”. Além disso não existia uma verdadeira cumplicidade entre o cão e o homem, mas sim uma relação baseada no medo e na repressão, onde o cão era o escravo e só conhecia os berros e as chicotadas do homem. Uma relação que caso fosse o inverso, poderia ter-se revelado útil ao homem quando as dificuldades se intensificaram. E foram muitas, muitas dificuldades que culminaram, inevitavelmente, na morte do homem, gelado e abandonado no meio da sua ignorância e teimosia. Curiosamente, Jack London mostra-nos a imagem final de um cão que fica junto ao homem, que no desespero, o tenta matar e que ainda assim, ali fica, até sentir o cheiro da sua morte, o fim do seu repressor. Uma lição que nos mostra que, na maioria, aqueles que são continuamente oprimidos e mal tratados conseguem ser muito superiores a todos os seus opressores. Como dizia Gandhi: “O que mais me impressiona nos fracos, é que eles precisam de humilhar os outros, para se sentirem fortes...”.