quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Ditadura de Sorrisos


Ditadura de Sorrisos




Sorri!
Sorri agora!
Sorri mais um bocadinho.
Vês? Tão bonito...
Morde a língua e continua a sorrir.
Dói? Não chores, não te queixes,
Sorri!
Vês como não fogem?
Vês como continuam à tua beira?
Então não cedas,
E sorri!
Olha aqueles tolinhos que choram!
Olha como afugentam as pessoas
Como se fossem um miasma lacrimejante e pestilento que as afasta!
Não se chora! Só se ri!
Então ri! Ri muito!
E quando não te apetecer,
continua a rir.
Torna-te antítese!
E ainda que chores por dentro,
cá fora, não te esqueças...
Sorri!

Francisco Chambel

terça-feira, 27 de agosto de 2013

Amizades





A árvore da amizade é uma árvore de Outono, há sempre folhas a cair. Só ficam as mais fortes, as melhores. E por mim, que venha mais um Outono!

sábado, 24 de agosto de 2013

“Poemeto de amor ao próximo” – Elisa Lucinda | 1verso

“Poemeto de amor ao próximo” – Elisa Lucinda | 1verso


A minha grande amiga Elisabete, que me perdoe a inconfidência de expor o seu nome aqui, (talvez me salve o facto de saber o quanto gosto dela), brindou-me com uma série de vídeos sobre esta senhora brasileira que "arrebenta" como diz Bethânia. Fiquei apaixonado por ela. E decidi, partilhar aqui, um poema que Elisa Lucinda escreveu para a iniciativa "Rio sem Preconceito" - Poemeto de Amor ao Próximo. Vejam o vídeo e... oiçam!!!!



Poemeto de amor ao próximo

Me deixa em paz. 
Deixe o meu, o dele, o dos outros em paz!
Qualé rapaz, o que é que você tem com isso?
Por que lhe incomoda o tamanho da minha saia?
Se eu sou índia, se sou negra ou branca, 
se eu como com a mão ou com a colher,
se cadeirante, nordestino, dissonante, 
se eu gosto de homem ou de mulher, 
se eu não sou como você quer?
Não sei por que lhe aborrece
a liberdade amorosa dos seres ao seu redor.
Não sei por que lhe ofende mais 
uma pessoa amada do que uma pessoa armada!?
Por que lhe insulta mais
quem de verdade ama do que quem lhe engana?
Dizem que vemos o que somos, por isso é bom que se investigue: 
o que é que há por trás do seu espanto, 
do seu escândalo, do seu incômodo
em ver o romance ardente como o de todo mundo, 
nada demais, só que entre seres iguais?
Cada um sabe o que faz 
com seus membros,
proeminências,
seus orifícios,
seus desejos, 
seus interstícios.
Cada um sabe o que faz,
me deixe em paz.
Plante a paz. 
Esta guerra que não se denomina
mas que mata tantos humanos, estes inteligentes animais,
é um verdadeiro terror urbano e ninguém aguenta mais.
“Conhece-te a ti mesmo”
este continua sendo o segredo que não nos trai.
Então, ouça o meu conselho
deixe que o sexo alheio seja assunto de cada eu,
e, pelo amor de deus, 
vá cuidar do seu.


Elisa Lucinda.

domingo, 18 de agosto de 2013

Ai que a Judite é tão má....!

Estava eu de férias, afastado do mundo e de repente, soube que um país inteiro (leia-se antes, redes sociais) andava em convulsão por causa de uma entrevista que a Judite Sousa fez a um rapaz. Sim, um rapaz que é muito rico, que tem dinheiro para fazer chover notas, etc, etc.  E? Depois, somos todos tão pobrezinhos, como massa crítica neste país... Recuso-me a entrar nesta onda, que anula uma carreira de 30 anos de uma jornalista, porque esteve mal numa entrevista. O problema ou o erro da Judite, foi querer vender um produto e não conseguir esconder a perplexidade perante o convidado. O que é...NORMAL. Pessoalmente, o facto do rapaz ser rico e gastar rios de dinheiro, não me incomoda nada. Até acho muito bom, porque economicamente, ajuda o mercado interno, gera receitas e por isso, gaste o que ele quiser por cá. Agora digo, sem rodeios nenhuns e sem problemas que me chamem todos os nomes dos animais do zoo, o rapazito é fútil sim! F-Ú-T-I-L. E sabem porquê? porque alguém que se coloca numa posição onde se diz já saber tudo e não precisar de mais conhecimento, aos 22 anos, não funciona bem e tem de estar muito cheio de si mesmo. É normal que a Judite Sousa, que estudou, que trabalhou, empenhadamente, durante muitos anos, que privou com gente muito culta da sociedade portuguesa, não tenha conseguido esconder a sua reprovação. É normal que perante um desemprego jovem de 40% como ela referiu, que obriga os nossos mais qualificados jovens a emigrar, que trazem consigo anos e anos de estudo e empenho, se fique perplexo com a falta de senso com que o rapazito fala do dinheiro e da vida. E quanto a todos aqueles que vieram falar do dinheiro que a Judite ganha, sejam minimamente inteligentes e percebam que trabalha para uma empresa privada e que só à empresa diz respeito os montantes que paga aos seus funcionários! Além de que é ridículo, julgar um ordenado de 20 mil euros de uma profissional perante uma fortuna de um miúdo que não faz nada, apenas se diverte. E eu não julgo isso, são opções e a dele foi essa. Agora não a vou louvar. E por último, há uns meses tudo andou a julgar uma miúda denominada Pépa Xavier, que auferia um ordenado de cerca de 700 euros e que sonhava ter dinheiro para comprar uma mala da Chanel, todos a esfolaram em praça pública, ( recordo-me que a única coisa que me fez referir a situação no Facebook, foi o tom, absolutamente cómico com que se expressava no vídeo. O que a rapariga faz com o seu dinheiro, é com ela) chamando-a fútil. Noto que a rapariga trabalha e estuda. E agora, julgam a Judite por uma entrevista a um rapaz que faz da Pépa uma versão Disney do consumismo! Sejam coerentes! A questão é que o rapaz por ser rapaz, já é "fixe", um "garanhão" que tem tudo o que quer, que traz a Pamela a uma festinha de anos e que deslumbra todos aqueles que ambicionam uma vida idêntica. E pronto, tendo visto agora a entrevista, posso dizer que a futilidade não está bem na Judite... E também não estou a referir-me ao rapaz...

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Signs


Sempre gostei desta curta. É tão real, tão representativa... O Jason é um pouco o espelho do indivíduo citadino, alinhado neste espírito mecanizado, que vive para fazer alguma coisa. Falta o ânimo, a paixão, a ousadia, a felicidade. A vida é um torpor continuado que impressiona, a solidão apodera-se dele. Acorda todos os dias ao mesmo, vai sozinho nos transportes,  trabalha rodeado de pessoas mudas e frias. Nada lhe exalta o espírito. Até ao dia em que encontra uma rapariga que o desafia, que o faz começar a sorrir,  a fazer disparates censuráveis aos olhos dos outros, mas isso não lhe importa, porque agora, tem algo que o faça acordar entusiasmado e a sorrir. Aos poucos foram-se cativando, tal como a Raposa e o Principezinho. E é aqui que há encantamento nesta curta-metragem, na imagem perfeita do quotidiano, naquilo que nos faz felizes, na forma como a atenção dos outros nos adocica e o inverso, como a solidão, a falta de esperança, dilaceram, mutilam... Espreitem, são 10 minutos e tal que valem a pena.

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

No teu jardim


No teu jardim


Eu quis-te amar,
Sabendo que por entre os espinhos
do teu belo roseiral,
sangraria de cada vez que te tocasse.
E em cada toque,
quando a lágrima ruborizada cai
manchando o destino da sua queda,
tu saberias que apesar de me ferir
tentando acercar-te,
ergo-me, delicadamente,
e continuo no teu jardim.
Porque anseio que primaveresças
inebriando-me com a tua cor e teu cheiro,
qual rosa cálida do teu roseiral.

Francisco Chambel

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Amigo



Tu, Amigo, vem - Almada Negreiros

Tu, Amigo, vem
Já se foi toda a chama do nosso último contacto
Necessitarei eu mais de ti do que tu de mim?
Seria injusto que eu dependesse mais de alguém
que de mim não depende tanto.
Não seria então o que eu penso de nós!
Esperei que se apagasse a chama até ao fim,
vi-a apagar-se a olhos vistos,
até enfriar a própria escuridão
e julguei que apagada a chama
tu estarias de novo na minha frente.
Porque o não estarias se a chama era a mesma
e a mesma escuridão para ambos?
Ter-se-á enganado a chama connosco
ou que acenda por defeito ao nosso contacto?
Responde-me a isto Amigo
que estou só aqui
e se tudo for engano
mais só ficarei.




Não, amigo
tu és injusto
eu dou-me mais do que tu
encontro em ti o que não me dá trabalho procurar
porque te amo.
Aprendo, aprendo contigo mais do que tu comigo
tu deixas-te amar
tu deixaste que eu te ame
que já não posso arrepender-me
nem dar a outro este amor
por enquanto,
sem saber do teu.
Se te enganaste, eu não!
se te enganaste eu seguirei sem ti
talvez para não voltar jamais a ninguém
para ficar suspendido da vida como resto do nosso amor
mas tu, verás, o pior
é para ti:
Quem se engana uma vez em amor
jamais terá a certeza de quando acerta.




Não te desejo mal nenhum a ti
mas ao mundo
que deixa passar tanto engano,
que o permite
que o consente
que o aproveita
e tão imprudente
como se a natureza pudesse fazer o mesmo!
Não, não e não
no circo não há milagres
nenhum palhaço atravessará o círculo
sem rasgar o papel!
É o mistério deste meu amor por ti
que põe a viveza nos meus sentidos
e eu não sou louco a ponto de romper o mistério
a troco de paz para minha inquietação.
Sou do amor
pertenço-lhe
obedeço-lhe a todas as formas que tomem as suas ordens
e conheço-lhas como aos meus dedos.
Não sou como tu, Amigo
que deixaste o mundo equivocar os teus sentidos
e pôr-te arremedos de sentidos
para mistificar a mímica.
Amo-te, amigo
e não te posso ajudar a teres-te
como eu te tenho no meu amor por ti.
Atrapalhou-se-te a vida nas tuas mãos
mas tu lá estás embrulhado na tua atrapalhação
e os curiosos em roda
são os únicos que têm a certeza de te safares daí.


Dizes sempre tudo, Almada... E ao ler isto só pude dizer - Não precisamos de advogados de defesa, bastam-nos os poetas!