sábado, 24 de agosto de 2013

“Poemeto de amor ao próximo” – Elisa Lucinda | 1verso

“Poemeto de amor ao próximo” – Elisa Lucinda | 1verso


A minha grande amiga Elisabete, que me perdoe a inconfidência de expor o seu nome aqui, (talvez me salve o facto de saber o quanto gosto dela), brindou-me com uma série de vídeos sobre esta senhora brasileira que "arrebenta" como diz Bethânia. Fiquei apaixonado por ela. E decidi, partilhar aqui, um poema que Elisa Lucinda escreveu para a iniciativa "Rio sem Preconceito" - Poemeto de Amor ao Próximo. Vejam o vídeo e... oiçam!!!!



Poemeto de amor ao próximo

Me deixa em paz. 
Deixe o meu, o dele, o dos outros em paz!
Qualé rapaz, o que é que você tem com isso?
Por que lhe incomoda o tamanho da minha saia?
Se eu sou índia, se sou negra ou branca, 
se eu como com a mão ou com a colher,
se cadeirante, nordestino, dissonante, 
se eu gosto de homem ou de mulher, 
se eu não sou como você quer?
Não sei por que lhe aborrece
a liberdade amorosa dos seres ao seu redor.
Não sei por que lhe ofende mais 
uma pessoa amada do que uma pessoa armada!?
Por que lhe insulta mais
quem de verdade ama do que quem lhe engana?
Dizem que vemos o que somos, por isso é bom que se investigue: 
o que é que há por trás do seu espanto, 
do seu escândalo, do seu incômodo
em ver o romance ardente como o de todo mundo, 
nada demais, só que entre seres iguais?
Cada um sabe o que faz 
com seus membros,
proeminências,
seus orifícios,
seus desejos, 
seus interstícios.
Cada um sabe o que faz,
me deixe em paz.
Plante a paz. 
Esta guerra que não se denomina
mas que mata tantos humanos, estes inteligentes animais,
é um verdadeiro terror urbano e ninguém aguenta mais.
“Conhece-te a ti mesmo”
este continua sendo o segredo que não nos trai.
Então, ouça o meu conselho
deixe que o sexo alheio seja assunto de cada eu,
e, pelo amor de deus, 
vá cuidar do seu.


Elisa Lucinda.

4 comentários:

  1. “deixe que o sexo alheio seja assunto de cada eu,
    e, pelo amor de deus,
    vá cuidar do seu.”

    Não posso concordar mais. A sua amiga Elisabete tem um bom espólio de poemas. Que este poemeto, além de ser um poema, é uma evidência racional. Que uns não vêem. E outros não querem ver.

    ResponderEliminar
  2. Just, é isso mesmo! Esses versos dizem tudo e ditos por aquela brasileira, daquela forma, são geniais. Pois, a minha amiga Elisabete é a minha grande companheira de cruzadas literárias. Sem dúvida, que o poemeto é tudo isso, mas temo que sejam mais os que não querem ver, do que aqueles que não vêem.

    Obrigado Just.

    ResponderEliminar
  3. Beijinho, Francisco.

    A sua nova foto está um espanto de bem disposta. Tem cara de futuro, sabia?

    ResponderEliminar
  4. Just, obrigado pelo elogio. :D Cara de futuro? Não sei o que diga, estou numa fase onde oiço os mais sábios e experientes e fico a sentir-me pequeno. Pergunto "será? ou será apenas o grande carinho que sentem por mim?".

    ResponderEliminar