sábado, 11 de janeiro de 2014

Vigílias Nocturnas








Deitado,
Nas amargas vigílias nocturnas
Em que as paredes do quarto
Parecem encolher-se
sobre si próprias,
Perco-me nas profundezas do pensamento,
Onde dúvidas,
imagens e recordações
Vão desfilando
Por meandros
Cada vez mais cavados
Pela mãos da vida
 - A minha
e a daquele que pensa e questiona.
Este último,
é tão meu
como a ilusão de sermos dois.
Percorre cada interstício
na minha cabeça.
Não pára!
E movendo oceanos nestes sulcos escavados
Arranca-me o descanso
e a apatia madrugadora
De quem carece de sonhar.
E não sonhando,
ele imagina e profetiza
até causar dor.
Dor que não sara
mas que se interrompe
quando o torpor  vence o corpo.
E vencido,
deixa-me sozinho
para mais um dia.
Migra,
parte feito barqueiro.
E na noite seguinte,
nasce outra vez
na penumbra.

Francisco Chambel

2 comentários:

  1. A noite tem virtudes incontidas: traz a poesia. Também.

    Um beijinho

    ResponderEliminar
  2. Não se pode chamar a isto Poesia. Mas obrigado. :)

    Beijinhos.

    ResponderEliminar