A Confissão de Lúcio de Mário de Sá-Carneiro
surgiu na minha vida neste semestre quando representou uma das obras de leitura
obrigatória de Literatura do Século XX. Embora o génio da Professora e as suas
aulas me motivem, o romance, em si mesmo, cativou-me de tal forma, que este é
para mim um dos meus romances favoritos, se não, o favorito.
A Confissão de Lúcio é considerado o
grande romance do Modernismo Português, ou se formos mais rigorosos, o único,
pois tendo em conta que o Modernismo Português acaba por volta de 1919 e este
romance foi publicado em 1913 podemos considerar que o outro grande romance
ligado ao Modernismo Português - Nome de
Guerra de Almada Negreiros escrito em 1925 e editado posteriormente, fica
excluído.
Seguindo
a crítica e a teoria de Tzvetan Todorov que nos fala do fantástico na literatura assente na tríade: estranho,
fantástico e maravilhoso; este romance é uma obra de Literatura Fantástica, não
uma confissão ou um romance policial.
Logo
no início, a personagem principal, Lúcio, propõe-se a fazer a confissão sobre
um crime pelo qual cumpriu pena de prisão, mas que jura não ter cometido.
Sá-Carneiro estabelece, então, com o leitor um pacto de verosimilhança, com Lúcio
a dizer que vai contar a verdade sobre um crime que não cometeu, ainda que o
retrato dessa verdade possa não ser coerente e parecer inverosímil.
E se
não fosse um romance embebido do Fantástico, como se entenderia esta história?
Lúcio é preso pela morte de Ricardo, seu grande amigo, contudo Lúcio conta que
o que se passou naquele dia foi que Ricardo matou a sua esposa, Marta, com um
tiro e que de repente, Marta desapareceu e era o cadáver de Ricardo que estava
no chão e que o revólver que matara Marta acabara por cair aos pés de Lúcio.
Confuso? Talvez, mas belo!
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