quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

A insustentável desfaçatez do ser!



Há alguns dias atrás, andava eu pelo Youtube a ver alguns vídeos de entrevistas antigas dos nossos políticos e achei esta pérola. Confesso, que seria para muitos hilariante, se não causasse tanta repulsa. Assumidamente, sou um grande crítico de Paulo Portas. Personifica o que de pior há na política, a desfaçatez, a posição camaleónica de se transmutar no que mais lhe convém, a falta de palavra, os jogos baixos, os ataques mesquinhos a outros políticos, o criar notícias e burburinho, a arrogância desmedida, a demagogia entranhada e bafienta e por fim, o vazio, o grande vazio que é, fruto talvez de uma ambição desmedida, sem olhar a meios para alcançar os fins. Lamento Dr. Paulo Portas, mas já que elege Winston Churchill como o seu político favorito, digo-lhe que está longe de ser algum dia o Estadista que Churchill foi.

Este vídeo pode ser dividido em 3 partes: a primeira onde Portas fala de política e das suas ideias e convicções, a segunda onde ataca violentamente Cavaco Silva e a terceira onde fala sobre o jornal O Independente e sobre a sua visão de jornalismo.

Na primeira destaco estes excertos:

Paulo Portas: "Os Partidos são uma maçada, (...) e ser militante de um partido é uma grande maçada, porque, normalmente, quem vai para os partidos, (...) os quadros dos partidos, normalmente, são muito medíocres, são pessoas muito medíocres que não têm mais nada que fazer na vida ou que acham que aquela é a forma principal de subir na vida. A mim não me passa pela cabeça nem ir para um partido subir na vida... Os partidos dispensam o mérito."

"Entrevistadora: Não tens ambições políticas?

Paulo Portas: Nenhumas, é uma coisa que eu decidi na minha cabeça, se há coisas definitivas na minha vida e na minha cabeça, uma delas é essa. Eu gosto imenso de política, mas nunca farei política."  
(Pois é Dr. Portas, nós já sabemos o peso que o senhor dá às palavras, sejam elas "definitivo" ou "irrevogável"...)

P.P. : "Eu sou totalmente liberal do ponto de vista económico, mas não me passa pela cabeça aceitar, por exemplo, a União Política da Europa em consequência da União Económica da Europa. Eu não aceito que uma utopia liberal, que aliás não é liberal, a Europa em termos reais não é liberal, é muito burocrática, muito regulamentadora e muito socialista, no sentido filosófico do termos. Eu não aceito que uma utopia de mercado de 320 milhões de pessoas dê cabo da ideia de nação ou dê cabo da ideia de Pátria." 
(Meu caro amigo, ao vivermos numa época onde não há regulação dos mercados desde Thatcher e Reagan, nós estamos à mercê dos mercados, e à sua auto-regulação desenfreada, por isso os nossos juros sofrem tanto meu amigo. E consequentemente, as pessoas e o país. Já não é uma utopia de mercado é uma realidade, que actualmente subscreve.)

Na segunda parte, onde vai bem longe nas críticas a Cavaco Silva:

P.P. : "O Doutor Cavaco Silva é tudo e o contrário de tudo!"

P.P. : Eu acho injustas três comparações que se fazem com o Doutor Cavaco. Acho injusto comparar o Doutor Cavaco com o Dr. Salazar.

Entrevistadora: É injusto para quem?

Paulo Portas: Para o Dr. Salazar em muitas coisas, porque o Doutor Cavaco não é democrata nem deixa de ser. O Dr. Salazar era voluntariamente anti-democrata. Era a opção dele, ou seja, tinha preocupações e pensamento político. O Doutor Cavaco não tem, nessa matéria.  
Em segundo lugar, o Dr. Salazar escrevia admiravelmente, como é sabido (...) e em terceiro lugar era um cínico como eu acho que não se repete na vida política portuguesa, e eu acho, que o Doutor Cavaco, para estabelecer mais duas diferenças: como se sabe não escreve nada de especial nem fala nada de especial, é mesmo muito maçador, e também não é cínico como o Dr. Salazar. Está longe disso, está longe dessa, desse raffinement no exercício do poder.

Quanto à terceira parte, no final do vídeo, não vou destacar nenhum excerto, apenas refiro que é evidente a forma como lida com as notícias, defendendo que a sua interpretação delas é válida e necessária, não aceitando assim críticas de deturpação, mas defendendo-se com a tese da interpretação. Curiosa, esta isenção jornalística...

Ver este vídeo, mostra-nos bem a coerência do nosso vice-primeiro-ministro e a forma como tem passado por entre os pingos da chuva, até ter chegado onde chegou. Aludindo ao título do meu post, é de facto insustentável, tamanha desfaçatez.


4 comentários:

  1. está lindoooo... e um sotaque todo afectado!
    bjs, t

    ResponderEliminar
  2. :) A voz do Portas não é de toda a mais melodiosa. Nunca foi. Mas t, não imagino quem serás. Poderei mandar-te beijos? Eheh. Não sei se será sensato. Obrigado pelo comentário. :)

    ResponderEliminar
  3. Já conhecia:)
    e partilho o seu escárnio e maldizer. Se tivera arte, fazia-lhe uma canção do género. Ao senhor que, pelo visto, quase nasceu irrevogável. Quem sabe é genético.... Patológico é de certeza.

    Um abracinho natalício, Francisco. E Boas Férias:))

    ResponderEliminar
  4. Just, acertou na palavra - patológico!

    Outro abracinho bem natalício! Obrigado :)

    ResponderEliminar