domingo, 27 de outubro de 2013

As teias do desejo

Duas aranhas vão tecendo a sua teia, uma em redor da outra, impelindo-as o desejo de se caçarem. Cada uma tece os seus melhores fios, ardilosamente, baloiça-se naquilo que julga ser o ponto em que a outra cairá e dependerá dela. Então, cativa, será refém do seu favor, da sua bondade.
Não existem passos acelerados, é-se tentado a dançar entre medo e desejo, no fio da navalha, perto do abismo. Cada movimentação, cada olhar são envoltos de elegância. E quando se aproximam, sentindo o cheiro uma da outra, chegando até a tocar-se, levemente, a sua racionalidade treme, cada uma sente o impulso de saltar e de devorar quem está à sua frente. Então recuam, brincam mais um pouco, fazem com que os cabos onde se desfilam tremam mais vertiginosamente.  Só que neste jogo, em que não se sabe quem devora e quem é devorado, resta-lhes aproximar-se até não haver fuga... 




4 comentários:

  1. E por que razão o fim tem de ser uma aracnofagia?

    Vejo coisas tão mais bonitas entre duas aranhanhinhas:))

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  2. Just, depende das aranhas, isto há aranhas e aranhas. Mas realmente pode não terminar numa aracnofagia (não sei porquê mas gosto do termo 'fagia' ), podem desfazer-lhes a teia! :P

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  3. ah,ah,ah....pois podem.
    fagia lembra-me ranger de dentes; daqueles bíblicos, sabe:)) deve ser porque tenho pra mim que a mesma espécie não serve de alimento. Mastigar um igual, degluti-lo...não concebo muito bem.

    Mas fagia é fixe:))

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  4. É verdade, mas "fagia" não se refere apenas aos que se alimentam da própria espécie. Os fitófagos (fito = plantas) são aqueles piolhos que costumam estar nas flores e que se alimentam da seiva delas. Que por sua vez, servem de alimento a outros animais simpáticos, como por exemplo, as joaninhas ou as formigas. :) (Isto é o meu lado de paixão pela biologia e pela natureza, a falar).

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