segunda-feira, 29 de julho de 2013

Frida Kahlo




 Ontem decidi rever mais uma vez o filme Frida realizado por Julie Taymor e com as participações de Selma Hayek, protagonizando o filme no papel de Frida Kahlo; Alfred Molina no papel do pintor Diogo Rivera; Geoffrey Rush no papel de Leon Trotsky e ainda Antonio Banderas como David Siqueiros.
            Sim, decidi rever, porque eu sou daqueles apaixonados por cinema, que vê e revê os mesmos filmes, inúmeras vezes. Há sempre algo novo de cada vez que se os vê, um pormenor que tinha escapado, acreditam? E aqui, neste caso, além de ter gostado bastante das prestações de Selma Hayek,  Alfred Molina e de um dos meus actores preferidos, Geoffrey Rush, o filme faz-me entrar no mundo, de uma forma ficcionada, da verdadeira Frida Kahlo.
            Sou genuinamente fascinado nela. Frida é de tal maneira densa, apaixonante, irreverente e genuína, que é impossível não gostar dela. Tudo nela é vida. Só pode ser assim. Vejamos, aos 18 anos sofre um acidente no eléctrico onde seguia, tendo ficado com lesões gravíssimas na coluna, impossibilitada de andar e meses imobilizada, a violência do acidente foi tal, que um ferro do eléctrico  atravessou-lhe as costas, passando-lhe pela pélvis e perfurando-lhe a vagina. Enquanto está acamada, vai pintando quadros na sua cama, recupera o andar  e sempre a coxear vai seguindo a sua vida, com momentos dolorosos, usando coletes ortopédicos, talas, entre outras coisas. Casa-se com o pintor e político comunista Diogo Rivera e ao engravidar, não consegue levar a gravidez ao seu término, perde o bebé e nunca consegue ter filhos, pois devido ao acidente em jovem, o seu corpo e o seu útero não reuniam condições para aguentar uma gravidez. Por fim, já no final da sua vida, acaba por ver uma das suas pernas ser amputada, devido a vários problemas sanguíneos.
            Frida Kahlo sofreu toda a vida, teve imensas dores, imensas tristezas e ainda tinha a infelicidade de ter que lidar com as constantes traições do seu marido. Mas Frida nunca se ficou. Frida viveu muito, pintou genialmente, dançou, bebeu muita tequila, cantou, foi política revolucionária, uma comunista, amou o marido, dormiu com mulheres, beijou-as, foi atrevida, sensual, totalmente desalinhada.
            Pessoalmente, pouco percebo de pintura e nem sempre é fácil interpretar os quadros dos mais diversos pintores, mas os de Frida, são maravilhosos. É, talvez, a minha pintora favorita. Destaco um dos quadros dela intitulado "unos cuantos piquetitos" que acho delicioso, porque Frida usa a ironia nele, uma vez que se inspira numa notícia de um marido que esfaqueou a mulher até à morte, mas que disse ao juíz que só lhe tinha dado alguns beliscões. Genial!


E para terminar, deixo também uma das melhores cenas do filme, onde podemos ver Frida (Selma Hayek) a desafiar uma bela jornalista - Tina (Ashley Judd) para dançar o tango, em vez de dois homens , Diogo Rivera e David Siqueiros que estão numa disputa para resolver um conflito, onde quem conseguir beber o maior golo de tequila dança com Tina, acabando por ser ultrapassados por Frida. E vencendo, dança sensualmente, conduzindo o seu par e terminando a dança como um autêntico cavalheiro. (Atenção que este é um excerto do filme dobrado em Italiano).



2 comentários:

  1. Hummm, também sou fã de Frida Kahlo. Lembra-se que fomos todos vê-la na exposição do Centro Cultural? Não, você não esteve:) espero que a tenha visto depois. Que a pintura come-se quente. Lá. Junto. A devorar pinceladas:)

    Também vi o filme. Mas o que mais gosto é dos excertos do diário e das suas fotos - nos quais o filme se baseou - , do seu mundo muito próprio, com aquele encarnar do México na forma de vestir, pentear, ser. E, como mostra o primeiro quadro, ela foi presa do corpo pela dor e logo, pela impossibilidade. A sua vida parece-me uma luta constante contra tal aguilhão. Creio firmemente que até a forma como viveu a sexualidade, aquele seu jeito de tudo no limite e para lá, era fruto de tanto ser atormentada pelo corpo. Posso estar enganada, mas é como se ela lhe dissesse constantemente, vês, consigo também arrancar-te prazer.

    Admiro-a, sim. Era uma mulher vaidosa no sentido de orgulhosa de si; e mesmo de vaidade comum.

    Tenha umas boas férias Francisco.e Obrigada por colocar aqui uma pintora que os dois admiramos. E há-de haver mais gente:))

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  2. Olá Just! :) Infelizmente, nunca consegui ver uma exposição dela, com MUITA pena minha. Mas a juventude se me permitir, dar-me-á tempo para um dia ver alguma exposição dela.

    Exactamente isso! Também penso que ela sentia isso, desafiava-se a si própria, à dor e à desgraça e dizia "Eu consigo!". Foi um furacão. E concordo também que a riqueza da sua vida, do seu diário, dos quadros é muito maior que a do filme, que é apenas um aglomerado de pontos de vista sobre ela.

    Obrigado eu pela visita. E sim! De certeza que haverá mais gente a gostar da fantástica Frida!

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