segunda-feira, 23 de junho de 2014

Exílio


Vivo num exílio, não tenho Pátria. Somente a recordação dela na algibeira, para quando o coração mirra entristecido.
Faltam-me as palavras e a vontade delas. A irrelevância e a estupidez prosperam até nos meandros mais recônditos. Tudo redundou num profundo e exagerado NADA. Tontinhas quarentonas publicam fotos e estados de alma nas redes sociais, o povinho esbate-se em questiúnculas de merda e criam-se ajuntamentos para fazer a quadratura do círculo da insignificância.
O "penso, logo existo" degenerou em "esperneio, logo existo" e há uma luta intestina, em bicos de pés para se aparecer. Então, no meio de tais vultos reduzidos, onde tudo é tão (des)interessante, restou-me uma passagem de ir sem voltar...

2 comentários:

  1. :))

    Os homens são intrigantes. Uns, exilam-se dentro de si; outros exilam-se de si. Os primeiros prescindem dos outros na sua realidade, preferem-nos controlados pela memória, usam-nos como lembrança, no passado, portanto; os segundos dissolvem-se na notícia e, como você diz, esperneiam, e, porque não se sabem a si mesmos são incapazes de saber o outro, vivem da exterioridade.

    Porém, para sabermos o outro temos de deixá-lo escrever em nós a sua história. E o inverso.

    Mas leva tempo. Faz sofrer. Cria angústias de realmente. Obriga a desistir de muitas coisas para que se salvem as pessoas...

    E poucos arriscam.

    PS: Achei lindo lindo. Mas não compre bilhete só de ida. Lembre-se da alegoria da caverna. Alguém tem de voltar. Os prisioneiros são aos montes. Resmas deles.

    Um beijinho doce ao introspectivo

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  2. Just, sinceramente tem toda a razão. O que eu vejo são pessoa exiladas de si próprias! Excelente imagem!

    Sim poucos arriscam, hoje quase diria que arriscar é arriscado, em jeito de La Palice!

    P.S. - Obrigado! :) Ainda bem que gostou deste pequenino texto. Eu barafusto, barafusto, mas volto sempre...

    Beijinhos.

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