sábado, 21 de setembro de 2013

E quando o namoro acaba?





Pois é, muitos fazem esta pergunta quando de repente o seu "mais que tudo" decide zarpar. Namoro não é celibato social, no entanto, para muitos, é esse o entendimento que fazem de uma relação amorosa.

Faz-me alguma confusão perceber que há pessoas, nas quais incluo vários amigos, que não entendem que dá para conjugar várias dimensões: amigos, namoro, trabalho, diversão.

Então, a partir do momento em que começam a namorar,  tornam-se siameses do namorado(a) e se vão beber café, vão juntos, se estão em público, não se largam, estão sempre de mãos dadas, sempre colados, o que é no mínimo, enjoativo ou patético. Não são capazes de falar com mais ninguém, tornam-se múmias autênticas e relações de amizade que tinham anos de convívio e partilha ficam reduzidas a silêncios estúpidos de contemplação de uma estupidez ainda maior.

Passa-se a viver só para o outro, o que numas gerações atrás até se poderia entender, mas agora, nem por isso. As amizades vão mirrando até secar, os hobbies, a privacidade, o tempo para estar consigo próprio também desaparecem e depois, quando o namoro acaba, fica um vazio gigante, inabitável.

Surgem aí, verdadeiros bebés, têm de reaprender tudo, começar a gatinhar numa vida que eles próprios fecharam, tentar chegar a amigos que eles afastaram, inequivocamente, e depois, o discurso previsível e ridículo "não devia ter-me isolado", "vivia só para ele ou para ela". Cansa-me essa pequenez, essa tendência para a dependência, para a vitimização. Nós somos o que fazemos da nossa vida. Ninguém tem de se isolar por ser casado, por namorar! E amar, ser íntimo de alguém, não exige uma exibição pública constante de afecto, uma queda no lugar comum. Amar não exige que estejamos sempre colados ao outro. Onde fica a confiança? O respeito? Pior, onde fica a identidade de cada um?

Se calhar nem pensam nisto, de tão atordoados ou adormecidos que ficam no torpor dos seus dias, sempre iguais. Às vezes, parece mesmo que muitos casalinhos trazem consigo o lema de "Orgulhosamente sós!" com tudo o que isso implica. Enfim, mas talvez seja para sempre...


2 comentários:

  1. Amar é, no sentido em que o diz e como diz, continuar sendo um, o mesmo, a conciliar com o ser conjunto que se adquire. Sem perder a individualidade.

    É verdade, não exige provas públicas constantes. Mas espontaneamente acontecem, se amor existe. Hummm...não me refiro, claro, ao estado doentio de sempre só dois, grudados e a esquecer mundo, que também faz falta, mas não em constância.Há um cuidado com o outro que se nota no olhar, em pequenos gestos, até na forma como se caminha a seu lado. E que a vida ou os dois intervenientes acentuam. Ou perdem.

    E se um namoro acaba...seja ele de que tipo for, é uma subida difícil. Se tiver abandonado tudo por...é que é paixão ou forte doideira. Custa muito, mas sara mais rápido:)

    O amor é a coisa mais bonita da vida, mas é-o exactamente no meio de tudo que a vida é. Que pensa você? além do tão bem dito.

    ResponderEliminar
  2. Sim, o amor é a coisa mais bonita da vida, concordo consigo e concordo com tudo o que anteriormente disse, mas de facto, neste post, falo desses casos mais doentios, onde por vezes, me questiono se o que ali existe é mesmo amor...

    ResponderEliminar